A real grandeza de Maximiliano e Francine
Por Tatiana Bulhões em 16/6/2009
Muito se especula acerca de possíveis manipulações envolvendo as votações do Big Brother Brasil, mas até o momento – referendada por empresas sérias que fazem a auditoria dos números –, a emissora que patrocina o reality show está bem confortável em argumentar que as ilações são provenientes de torcedores desse ou daquele participante descontentes com os resultados.
Mas, se não são os percentuais dos paredões que são, supostamente, alterados, de que outra forma poderia ocorrer algum tipo de tendência induzida nos resultados? A resposta é bastante simples: a partir do momento em que a casa se transforma num laboratório humano no qual os participantes recebem estímulos da produção do programa com o intuito de criar desavenças e conflitos que sejam atrativos para os telespectadores, é possível afirmar que um integrante pode receber mais carga de intervenções do que outro ou simplesmente não recebê-la. Tudo depende do índice do Ibope e, dizem as más línguas, das relações entre funcionários da emissora e os moradores da casa.
Cada um assume na casa um papel decidido ainda na seleção, quando ocorre um julgamento por parte dos produtores acerca da predisposição dos candidatos em gerar situações atrativas ao público. Assim, tem-se na casa o típico fortão de cérebro atrofiado que promete conquistar todas as beldades, a princesinha mimada que não sabe sequer compartilhar o ar que respira, a sarada do corpo atarracado que está ali para se expor em busca das capas de revistas masculinas, dentre outros. Na engrenagem da audiência, todos cumprem seu papel.
Valores morais e éticos consistentes
E qual foi a grandeza de Maximiliano e Francine? Claramente encaminhados ao programa por se ajustarem à engrenagem mencionada anteriormente – Maximiliano, injustamente induzido ao papel do vilão por edições visivelmente tendenciosas por simplesmente não negar o óbvio, ou seja, que seu interesse sempre foi o grande prêmio; e Francine, levada à função da modelo que arrasa corações com um jeito peculiar de adulta com um quê de criança e uma beleza ímpar, despertando a inveja e julgamentos precipitados dos outros moradores e de parte do público. A vitória do casal que tocou profundamente o coração de milhões de brasileiros significou a derrota da manipulação, inveja e do egoísmo.
Maximiliano, pragmático, cauteloso e centrado em sua estratégia, agonizava tentando conciliar o jogo com seus sentimentos que vinham à tona com a convivência com Francine; esta, um vulcão na eminência de uma erupção parcialmente reprimido pela vigilância das câmeras, pela cobiça dos outros participantes e, principalmente, pelo seu desconhecimento quando à opinião do público sobre si mesma. Até as mais espontâneas, determinadas e nobres personalidades se encolhem com a desinformação porque todos nós somos condicionados, desde criança, a temer julgamentos de terceiros. Entretanto, ambos se superaram e ensinaram importantes lições para o Brasil.
Primeiro, que sentimentos sinceros podem nascer, crescer, amadurecer e sobreviver às piores provações – a exemplo de um ambiente como a casa do programa mais assistido do país sobre a qual recaem impiedosos julgamentos e avacalhações descabidas. Maximiliano e Francine também mostraram ao Brasil que, além da conquista de um prêmio substancial como o tão cobiçado milhão, é possível mandar belas mensagens de determinação, ternura, honestidade e superação para um povo tão sofrido como o brasileiro. Porque todos nós, irrefutavelmente, lutamos por uma condição financeira confortável, mas o casal demonstrou que o material tende a se esvair nos piores sentimentos – egoísmo, inveja, individualismo e relações circunstâncias – quando não está contemplado por emoções sinceras.
Com Maximiliano e Francine, o Brasil, um país arrasado por casos bizarros de crianças arremessadas por janelas, dentre outros casos esdrúxulos, tem a oportunidade de discutir o amor, a grande força motriz de uma sociedade equilibrada em valores morais e éticos consistentes. A esperança de um mundo melhor lançada pela janela pelos noticiários tenebrosos que nos afetam diariamente foi um pouco reerguida com a história do casal.
Observatório da Imprensa
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